«Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver compaixão, sou como um bronze que soa ou um címbalo que retine»
Em grego existem diferentes termos para expressar o amor (agápe, philéo, éros). Ora, no grego clássico o verbo agapáo, que originariamente significa apreciar, acolher amistosamente, é a palavra com menos significado, e é usada muitas vezes como sinónimo de philéo. Contudo, no Novo Testamento o verbo agapáo e o substantivo agápe têm um significado especial, enquanto expressam o amor de Deus ou a vida cuja base é esse amor e que tem nele a sua origem (Cfr., GÜNTHER, W., LINK, H.-G., “Amor”, in Diccionario Teológico del Neuvo Testamento, Vol. I, Ed. Sigueme, Salamanca, 1980, p.110).
Na verdade, em todo o Novo Testamento o verbo stérgo (estimar) aparece apenas uma vez (Rom 12, 10), enquanto éros ou eráo nunca aparece. Pelo contrário, agapé ou agapáo, é o que aparece, e na maioria das vezes, referindo-se às relações entre Deus e o homem, sendo que tal uso já se encontra preparado no Antigo Testamento (Cfr., Ibidem, p. 113).
Na tradição sinóptica, o ponto central é colocado na proclamação do reino de Deus inaugurado com e em Jesus, e no novo comportamento que ele exige. Deus envia o Seu único, e amado Filho, cuja voz devemos escutar para chegarmos à salvação. Ora, o amor de Deus como razão de ser deste acontecimento é apenas expresso com a palavra agápe. Ora, a misericórdia e o amor de Deus manifestam-se aos homens na acção de Jesus (Cfr., Ibidem, p.113). Mesmo que o termo agápe não se encontre nos relatos da paixão, aparecem a misericórdia e o amor como vontade salvadora (Cfr., Ibidem, p.113).
Na tradição sinóptica, o ponto central é colocado na proclamação do reino de Deus inaugurado com e em Jesus, e no novo comportamento que ele exige. Deus envia o Seu único, e amado Filho, cuja voz devemos escutar para chegarmos à salvação. Ora, o amor de Deus como razão de ser deste acontecimento é apenas expresso com a palavra agápe. Ora, a misericórdia e o amor de Deus manifestam-se aos homens na acção de Jesus (Cfr., Ibidem, p.113). Mesmo que o termo agápe não se encontre nos relatos da paixão, aparecem a misericórdia e o amor como vontade salvadora (Cfr., Ibidem, p.113).
São Paulo quando fala do amor de Deus situa-se totalmente na linha da tradição veterotestamentária, para a qual agápe diz o amor de predilecção/eleição. Ora, é este amor de eleição que retira o homem da ira (orgé). A acção de Deus é definida como amor (2 Cor, 13, 11, 13), segue-se que o hino ao amor de 1 Cor 13, não é simplesmente um código de ética, mas antes uma descrição do modo de actuar divino (Cfr., Ibidem, p.114). Na verdade, o amor de eleição é ao mesmo tempo o amor que se compadece e perdoa. Assim, o crente é o pecador amado por Deus e reconhecendo isto, entra na esfera do amor de Deus, tornando-se amante. O amor a Deus e o amor ao próximo estão fundamentados para São Paulo no amor de Deus (Cfr., Ibidem, p.115). A fórmula en Christô diz o ser do crente na esfera do amor de Deus, por isso quando estou em Cristo ou Cristo em mim então esse amor apoderou-se de mim, tornando-me amante (Cfr., Ibidem, p.115).
Em São João o ser e o actuar de Deus são descritos com particular rigor com o termo agápe. Deus é essencialmente amor. Deus é amor (1 Jo 4, 8) e o seu desígnio é um desígnio de amor. Por isso, o Pai envia e entrega o Filho. Ora, neste sentido este amor significa para o homem salvação. A vontade fundamental de Deus, que se dirige ao mundo, é o seu amor compassivo e capaz de perdoar. No agápe manifesta-se ao mesmo tempo a dóxa Theoû (Cfr., Ibidem, p.116).
Assim, porque este amor de Deus, enquanto é um amor de eleição que tira o ser humano da ira (seu oposto radical), é um amor que se compadece e perdoa, fazendo do ser humano um amante, cuja fonte do seu amor é o próprio amor compassivo de Deus, pensamos que a tradução do termo agápe por compaixão traduz esta acção gratuita e salvífica de Deus, a que chamamos amor, que está presente no Novo Testamento (Sinópticos, São João, São Paulo) e é expressa pelo termo grego agápe.
Em São João o ser e o actuar de Deus são descritos com particular rigor com o termo agápe. Deus é essencialmente amor. Deus é amor (1 Jo 4, 8) e o seu desígnio é um desígnio de amor. Por isso, o Pai envia e entrega o Filho. Ora, neste sentido este amor significa para o homem salvação. A vontade fundamental de Deus, que se dirige ao mundo, é o seu amor compassivo e capaz de perdoar. No agápe manifesta-se ao mesmo tempo a dóxa Theoû (Cfr., Ibidem, p.116).
Assim, porque este amor de Deus, enquanto é um amor de eleição que tira o ser humano da ira (seu oposto radical), é um amor que se compadece e perdoa, fazendo do ser humano um amante, cuja fonte do seu amor é o próprio amor compassivo de Deus, pensamos que a tradução do termo agápe por compaixão traduz esta acção gratuita e salvífica de Deus, a que chamamos amor, que está presente no Novo Testamento (Sinópticos, São João, São Paulo) e é expressa pelo termo grego agápe.
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