quarta-feira, 31 de março de 2010

O MINISTÉRIO FEMININO NAS IGREJAS DE PAULO

O MINISTÉRIO FEMININO
NAS
IGREJAS DE PAULO

O’Connor, no seu livro «Paulo e as mulheres», começa por formular a seguinte pergunta: “Porque é que, em qualquer discussão que diga respeito ao lugar das mulheres na Igreja, é dada tanta proeminência ao Apóstolo Paulo ?”

Como resposta a esta questão elenca quatro razões fundamentais:

1º “Porque tem mais para dizer acerca das mulheres, directa ou indirectamente,
do que qualquer outro escritor do Novo Testamento”.

2º “Porque o que ele tem para dizer é tão surpreendente complexo e original que
merece um tratamento detalhado”.

Acrescentando que, o que Paulo escreveu, deve ser cuidadosamente separado das ideias de outros que, em seu nome, escreveram.

3º “Os seus ensinamentos proporcionam-nos uma plataforma, a partir da qual
podemos olhar para trás, para as mulheres ligadas a Jesus, como descrito
nos Evangelhos e podemos olhar para a frente, para o legado de Paulo, nu-
ma Igreja que não se conformou com os seus ideais”.

4º Nesta última razão, O’Connor afirma que “a visão de Paulo sobre o lugar
das mulheres na Igreja tem sido o campo de batalha, no qual os temas fe-
ministas eclesiásticos foram e continuam a ser debatidos”.

Ao longo do tempo e da história, a autoridade do Apóstolo foi invocada, em perspectivas radicalmente opostas:
“Quer para reduzir as mulheres ao silêncio quer para promover a sua progressão no ministério”. Afirma O’Connor.

Retenho na memória o que bastantes vezes ouvi dizer em nome de Paulo: « a mulher, na Igreja, cala-se»

O’Connor afirma que “esta contradição pede clarificação”.

Considero que a abordagem deste tema, constitui um interessante e entusiasmante desafio. Vivamente espero que outros também se possam contagiar para ajudar a esta clarificação.

É na carta aos Filipenses que aparecem as declarações mais explícitas de Paulo, acerca da colaboração das mulheres no ministério.
Em Fl 4. 2-3 Paulo diz: Exorto Evódia e exorto Síntique a terem o mesmo pensamento no Senhor. Sim, e a ti, fiel Sízigo, peço-te que as acolhas; são pessoas que, em conjunto, lutaram comigo pelo Evangelho, juntamente com Clemente e os meus restantes colaboradores, cujos nomes estão no livro da vida.

domingo, 28 de março de 2010

Os cristãos são os bobos do mundo

Kierkegaard, na sua parábola do palhaço e da aldeia em chamas, conta a história de um palhaço que, estando prestes a entrar em cena, portanto, maquilhado e vestido de palhaço, nota que o circo está a arder e é enviado à aldeia a avisar as pessoas e a pedir auxílio. Claro que ninguém acredita nele, todos se riem. Quanto mais ele faz para convencer as pessoas de que não está a representar, mais as pessoas acham graça e se convencem de que é um belíssimo número com o objectivo de levar muita gente às sessões do circo. Por fim, o fogo chega também à aldeia e destrói-a, como tinha destruído o circo.
A situação deste palhaço é comparável à situação dos cristãos – hoje e desde sempre, como o atesta o exemplo de S. Paulo –, que não conseguem transmitir a mensagem por causa da roupagem desadequada que usam. Esta visão, tendo provavelmente um fundo de verdade, pressupõe que o fulcro do problema do anúncio cristão é uma questão de roupagem. Mudando a roupagem, a mensagem seria acolhida sem problemas. Porém, numa observação mais atenta, é possível notar que talvez o problema maior do anúncio cristão radique precisamente no conteúdo da mensagem: Cristo crucificado.

quinta-feira, 25 de março de 2010




No Livro dos Actos dos Apóstolos encontramos três narrativas que nos oferecem elementos comuns e diferenciados a emoldurar a cena do aparecimento de Jesus ressuscitado a Saulo (Act 9, 1-25; 22, 1-21; 26, 1-23). Como vemos pelo esquema apresentado estas narrativas oferecem-nos um jogo de variantes e similitudes que nos interpelam.



Certamente, que se nos posicionamos de forma histórico-matemática perante estes relatos teremos que os rejeitar, isto porque desse prisma as parecenças são ofuscadas pelas desigualdades. Porém, se relermos este texto a partir de um prisma narrativo ele assume uma força e uma erudição que impressionam. Certamente a partir destes novos óculos poderemos perscrutar mais genuinamente a intenção do narrador. Porque será que Lucas nos faz olhar a estrada de Damasco três vezes e de forma diferenciada?



Uma das razões exegéticas será o facto de Lucas ter contactado com várias fontes e tradições. Poderemos ver que haveria a tradição da narração do encontro com Jesus ao rei Agripa (cap. 26) e à multidão Judaica (cap. 22). Destas tradições o próprio Lucas terá elaborado a sua síntese (cap. 9).



Outra das teses que se tem desenvolvido bastante é aquela (de D.M.Stanley) que procura integrar estas três narrativas no que foi o projecto do livro dos Actos dos Apóstolos (Act 1, 1-3) e mais globalmente no projecto lucano apresentado no início do terceiro Evangelho (Lc 1, 1-4).



Então, será importante, num primeiro momento considerarmos uma visão panorâmica de cada um dos passos a partir de algumas perguntas: “onde?”; “quando?”; “com quem?”; “como?”; no final destas repostas, procurar o objectivo de cada uma das narrativas de forma singular. Depois será importante determinar as similitudes e as diferenças, sempre acompanhados da pergunta “porque?”.



A partir deste exercício, ficam claras profundidades que desconhecíamos nestes textos. A recomposição desta cena em três tempos tem o objectivo de não deixar escapar nenhuma das dimensões implicatórias desta teofania. Em Act 9 vemos como este acontecimento provoca uma reflexão eclesial profunda; por outro lado em Act 22 vemos um Paulo judaizante; finalmente em Act 26 encontramos a legitimação gentílica. Note-se que especialmente estes dois últimos episódios vão ao encontro do que Daniel Marguerat diz ser o “projecto lucano de integração”.



Concluindo, o caminho de Damasco (X3) permite ao autor lucano produzir o desabrochar do tema teológico que dá razão e supera todos os outros: o poder do Ressuscitado como força transformadora da própria história.



Biblioografia: MARGUERAT, Daniel, The First Christian Historian: Writing the “Acts of the Apostles”, Traduzido para Inglês por Ken McKinney, Gregory J. Laughery, e Richard Bauckham, Society for New Testament Studies Monograph Series. Cambridge University Press, 2002.



Sobretudo pp. 179-204

terça-feira, 23 de março de 2010

Comentários ao quadro sinóptico-Manas Dorey

NB :

Relator não é o mesmo nos três relatos.

No 1º Relato- Lucas conta a experiência que teve Paulo em Damasco e a sua vocação.

No 2º Relato – Paulo, como judeu observante da lei, fala à multidão enfurecida, que o queria matar.

No 3º relato – Paulo conta, em nome próprio, ao Rei Agripa (romano, filho de Herodes) o acontecimento de Damasco para se defender da condenação dos judeus.

Quanto à estrutura dos textos, as informações sucedem-se de forma objectiva e linear; quanto à intenção esta, é predominantemente informativa;

ANÁLISE DOS 3 RELATOS:

Uma vez que já foram feitas várias apresentações de quadros sinópticos da narrativa de Actos 9 com os discursos autobiográficos homólogos dos capítulos 22 e 26, a nossa análise centrou-se mais em perguntas relativas às diferenças e semelhanças entre os três relatos, do que às respostas das suas semelhanças e diferenças.

Apresentamos em seguida as nossas perplexidades:

· Porque é que em 9, 1-2 e em 22, 1-4 se chama ao cristianismo o caminho?

· Porque é que, no discurso em Jerusalém aparece a referência à hora do meio-dia em 22,6 e 26,16 e não aparece em 9, 1-25?

· Porquê a contradição entre “ouvindo a voz e não vendo ninguém” em 9,7 e em 22,9 “viram a luz mas não escutaram a voz de quem falava comigo”?

· Porquê em 9,8 Saulo “ergue-se no chão” e em 22,10 e 26,16 é Deus que o manda levantar?

· Porque é que em 9,8 “conduzindo-o então pela mão, fizeram-no entrar em Damasco” e em 22,10 foi o Senhor que lhe disse: “levanta-te e entra em Damasco”?

· Porque é que o episódio de Ananias referido em 9,10-19 e em 22,12-16 é omisso em 26,1-23?

· Porque é que há o chamamento e a missão de Ananias em 9,10-16 e em 22 não aparece?

· Porque é que Ananias e Paulo colocam objecções às ordens de Deus em 9,13-14 e em 19-20 ?

· Porque é que em 9,9 e 9, 18-19 Paulo esteve três dias sem comer nem beber e há muita informação sobre a sua cegueira e isto é omisso em 22 e 26 sendo que em 22, a informação sobre a sua cegueira é escassa?

· Porque é que Ananias se apresenta a Paulo como enviado de Deus em 9,17 e em 22,12-13 não refere quem o envia?

· Porque é que o baptismo de Paulo é referido em 9,18 e em 22,16 e é omisso em 26,1-23?

· Porque é que só em 22,17 se refere o êxtase de Paulo e o que significa êxtase para os judeus?

· Porque é que só em 9,21 se refere ao espanto dos ouvintes de Paulo perante a sua mudança e é omisso em 22,1-21 e 26,1,23?

· Porque é que só em 22,20 se refere o martírio de Estevão?

Manuela Manoel, Inês, d’Orey e Cecília d’Orey

sinopse-Manas Dorey

Actos 9,1-25 – Vovação de Saulo

Actos 22 , 1-21 – Discurso de Paulo aos Judeus de Jerusalém

Actos 26,1-23 – Discurso de Paulo perante o Rei Agripa

Saulo respirando ainda ameaças de morte contra os discípulos do senhor, dirigiu-se ao Sumo Sacerdote. Foi pedir-lhe cartas para as sinagogas de Damasco, afim de poder trazer para Jerusalém, presos, os que lá se encontrassem pertencendo ao Caminho quer homens, quer mulheres.

Estando ele em viagem e aproximando-se de Damasco, subitamente uma luz vinda do céu o envolveu de claridade. Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: “Saúl, Saúl porque me persegues?”. Ele perguntou: “quem és, Senhor?”. E a resposta: eu sou Jesus, a quem tu persegues. Mas levanta-te, entra na cidade, e te dirão o que deves fazer.” Os homens que com ele viajavam detiveram-se, emudecidos de espanto, ouvindo a voz mas não vendo ninguém. Saulo ergueu-se do chão. Mas, embora tivesse os olhos abertos, não via nada. Conduzindo-o, então, pela mão, fizeram-no entrar em Damasco. Esteve 3 dias sem ver, e nada comeu nem bebeu.

Ora, vivia em Damasco, um discípulo chamado Ananias. O senhor lhe disse em visão:”Ananias!” Ele respondeu:”estou aqui Senhor!” e o Senhor prosseguiu:”levanta-te, vai pela rua chamada direita e procura, na casa de Judas, por alguém de nome Saulo de Tarso. Ele ora e acaba de ver um homem chamado Ananias entrar e lhe impor as mãos, para que recobre a vista.” Ananias respondeu:”Senhor ouvi de muitos, a respeito desse homem, quantos males fez a teus santos em Jerusalém. E aqui está com autorização dos chefes dos sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome.” Mas o Senhor insistiu: “ Vai, porque este homem é para mim um instrumento de escol, para levar o meu nome diante das nações magas, dos reis, e dos Israelitas . Eu mesmo lhe mostrarei quanto lhe é preciso sofrer em favor do meu nome.” Ananias partiu. Entrou na casa, impôs sobre ele as mãos e disse:” Saul meu irmão, o Senhor me enviou, Jesus, o mesmo que te apareceu no caminho por onde vinhas. É para que recuperes a vista e fiques repleto do espírito Santo.” Logo caíram-lhe dos olhos umas como escamas, e recuperou a vista . Recebeu, então, o baptismo, e, tendo tomado alimento, sentiu-se reconfortado .

Saulo esteve alguns dias com os discípulos em Damasco, e , imediatamente, nas Sinagogas, começou a proclamar Jesus , afirmando que é o Filho de Deus. Todos os que o ouviam ficavam estupefactos e diziam : “ Mas não é este o que devastava em Jerusalém os que invocavam esse nome, e veio para cá expressamente com o fim de prendê-los e conduzi-los aos chefes dos sacerdotes? “ Saulo, porém, crescia mais e mais em poder e confundia os Judeus que moravam em Damasco, demonstrando que Jesus é o Cristo.

Decorridos muitos dias, os Judeus deliberaram entre si como matá-lo. Mas Saulo teve conhecimento dessa trama. Vigiavam até as portas da cidade de dia e de noite para o matarem. Então os discípulos, uma noite fizeram-no descer numa muralha oculto num cesto.

Irmãos e Pais, escutai a minha defesa, que tenho agora para vos apresentar. Tendo ouvido que lhes dirigia a palavra em língua hebraica, fizeram mais silencio ainda. Ele prosseguiu : ”Eu sou Judeu. Nasci em Tarso , da Cilícia, mas criei-me nesta cidade, educado aos pés de Gamaliel na observância exacta da lei de nossos pais, cheio de zelo por Deus, como vós todos no dia de hoje. Persegui de morte este Caminho, prendendo e lançando à prisão homens e mulheres, como o podem testemunhar o Sumo sacerdote e todos os anciãos. Deles cheguei a receber cartas de recomendação para os irmãos de Damasco, e para lá me dirigi, a fim de trazer algemados para Jerusalém os que lá estivessem, para serem aqui punidos.

Aconteceu , que estando eu a caminho e aproximando-me de Damasco, de repente, por volta do meio dia, uma grande luz vinda do céu, brilhou ao redor de mim. Cai ao chão e ouvi uma voz que me dizia : “ Saul, Saul porque me persegues ?Respondi : “ Quem és Senhor ?Ele me disse : “ Eu sou Jesus o Nazareu a quem tu persegues “. Os que estavam comigo viram a luz, mas não escutaram a voz de quem falava comigo. Eu prossegui: “ Que devo fazer Senhor ? “ E o Senhor me disse: “ Levanta-te e entra em Damasco, lá te dirão tudo o que te é ordenado fazer.” Como eu não enxergasse mais por causa do fulgor daquela luz, cheguei a Damasco levado pela mão dos que estavam comigo.

Certo Ananias, homem piedoso segundo a Lei, de quem davam bom testemunho todos os Judeus da cidade , veio ter comigo .De pé, diante de mim, disse-me : “ Saul meu irmão, recobra a vista. E eu , na mesma hora, pude vê-lo. Ele disse então : O Deus de nossos pais te predestinou para conheceres a sua vontade . Veres o justo e ouvires a voz saída da sua boca. Pois tu hás-de ser sua testemunha perante todos os homens do que viste e ouviste. E agora que esperas ? recebe o baptismo e lava-te dos teus pecados invocando o seu nome!”

Depois tendo eu voltado a Jerusalém e orando no templo, sucedeu-me entrar em êxtase. E vi o Senhor que me dizia : “ Apressa-te ,sai logo de Jerusalém porque não acolherão o teu testemunho a meu respeito.” Retruquei então: “Mas, Senhor, eles sabem que era eu quem andava prendendo e vergastando, de sinagoga em sinagoga, os que criam em ti. E quando derramaram o sangue de Estêvão tua testemunha, eu próprio estava presente, apoiando aqueles que o matavam, e mesmo guardando suas vestes. Ele contudo me disse : “ Vai porque é para os gentios, para longe que quero enviar-te .

Dirigindo-se a Paulo disse Agripa : Tens permissão de falar em teu favor. Então estendendo a mão começou Paulo a sua defesa : “ Considero-me feliz , ó Rei Agripa, para poder hoje diante de ti, defender-me de todas as coisas que pelos Judeus sou acusado , tanto mais que estais ao corrente de todos os costumes e controvérsias dos Judeus, razão também pela qual te peço que me escutes com paciência .

O que foi o meu modo de viver desde a mocidade, como transcorreu desde o inicio, no meio do meu povo e em Jerusalém, sabem-no todos os Judeus. Eles me conhecem de longa data e podem atestar se quiserem, que tenho vivido segundo a seita mais severa da nossa religião como fariseu. E agora estou sendo aqui julgado por causa da esperança da promessa feita por Deus aos nossos pais, à qual esperam chegar as nossas doze tribos, que servem a Deus noite e dia , com todo ardor. É por causa dessa esperança, ó rei, que pelos Judeus sou acusado, entretanto, porque se julga incrível, entre vós, que Deus ressuscite dos mortos ?

Quanto a mim parecia-me necessário fazer muitas coisas contra o nome de Jesus o Nazareu. Foi o que fiz em Jerusalém: a muitos dentre os santos ,eu mesmo encerrei nas prisões, recebida a autorização dos chefes dos sacerdotes ; e, quando eram mortos ,eu contribuía com o meu voto. Muitas vezes, percorrendo todas as sinagogas , por meio de torturas quis forçá-los a blasfemar; e, no excesso do meu furor, cheguei a persegui-los até em cidades estrangeiras.

Com este intuito encaminhei-me a Damasco, com a autoridade e a permissão dos Chefes dos Sacerdotes. No caminho pelo meio dia, eu vi, ó Rei, vinda do céu e mais brilhante que o sol, uma luz que circundou a mim e aos que me acompanhavam. Caímos todos por terra, e ouvi uma voz que me falava em língua hebraica : “ Saul , Saul, porque me persegues ? É duro para ti recalcitrar contra o aguilhão ? “Perguntei : “ Quem és Senhor ?” E o Senhor respondeu-me : “ Eu sou Jesus a quem tu persegues . Mas levanta-te e fica firme em pé, pois, este é o motivo porque te apareci : para constituir-te servo e testemunha da visão na qual me viste e daquelas nas quais ainda te aparecerei . Eu te livrarei do povo e das nações gentias às quais te envio para lhes abrires os olhos e assim se converterem das trevas à luz e da autoridade de Satanás para Deus . De tal modo receberão, pela fé em mim, a remissão dos pecados e a herança entre os santificados .

Quanto a mim , Rei Agripa , não me mostrei rebelde à visão celeste. Ao contrário, primeiro aos habitantes de Damasco, aos de Jerusalém e em toda a região da Judeia e depois aos gentios, anunciei o arrependimento e a conversão a Deus com a prática de obras dignas desse arrependimento. É por causa disso que os Judeus, tendo-se apoderado de mim no templo tentaram matar-me.

Quadro sinóptico do relato da epifania de Paulo

Acts 9. 1–25

Acts 22. 1–21

Acts 26. 1–23

i. vv. 1–2:Introdução: Saulo, perseguidor de cristãos

i. vv. 1–2: Discurso: durante a prisão de Paulo no templo

i. vv. 1–3: Discurso: Paulo Preso e levado à presença do rei Agripa

ii. vv. 3–7: Epifania

de Cristo (com diálogo)

ii. vv. 3–5: Judeu, perseguidor de cristãos

ii. vv. 4–8: Paulo fariseu

iii. vv. 8–9: Efeitos da aparição em Saulo

iii. vv. 6–11: Epifania de Cristo (com diálogo)

iii. vv. 9–11: Paulo, perseguidor de cristãos

iv. vv. 10–16: O Senhor dirige-se a Ananias numa visão (Visão de Saulo)

iv. vv. 12–16: Encontro com Ananias (Judeu) e baptismo de Paulo

iv. vv. 12–18: Epifania (chamamento de Paulo)

v. vv. 17–19a: Imposição das mãos por Ananias e baptismo de Saulo.

v. vv. 17–21: Êxtase no templo de Jerusalém

vi. vv. 19b–25: Efeito.

Saulo, testemunha de Cristo, e ameaçado de morte.

vi. vv. 22: A multidão pede a sua morte

vi. vv. 19–23: Efeito. testemunha de Cristo e perseguido.

vii. vv. 26–30: conspiração contra Saulo

vii. 27–28: viagem a Roma

ENCONTRO FULMINANTE de SEDUÇÃO e FASCÍNIO

ENCONTRO FULMINANTE de SEDUÇÃO e FASCÍNIO
«Não vi Jesus, nosso Senhor?» 1Cor 9.1

Experiência Pascal de vertigem e sobressalto, mergulho inaudito no Mistério insondável de Jesus Cristo.
Na vida de Paulo opera-se uma viragem radical. A densidade e grandeza desta mudança, provocada pelo encontro com Jesus Ressuscitado «Fui alcançado por Cristo Jesus» Fil 3.12, lança-o num caminho totalmente diferente. O poder irresistível de Jesus agarra, apanha, toma na totalidade do seu ser, aquele que, sendo já um apaixonado, se torna o apaixonado do Senhor Jesus Cristo.

Afigurou-se-me ver como metáfora desta reviravolta, ainda que como pálida imagem, o que a ciência afirma em relação à “atracção dos buracos negros”:

“A atracção gravitacional dos buracos negros é
de tal magnitude que até os feixes luminosos
incididos nas suas proximidades são obrigados
à propagação curvilínea.”

O projecto de Paulo antes deste encontro consistia em defender e propor a Lei. Jesus troca-lhe as voltas e impele-o a “curvar-se” ao poder do Seu Amor. Paulo passa a considerar que, o que então para ele era lucro, a ser uma perda: «Sim considero que tudo isto foi mesmo uma perda, por causa da maravilha que é o conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor: por causa dele tudo perdi e considero esterco, a fim de ganhar a Cristo e nele ser achado, não com a minha própria justiça, que vem da Lei, mas com a que vem pela fé em Cristo, a justiça que vem de Deus e que se apoia na fé. Assim posso conhecê-lo a Ele, na força da sua ressurreição e na comunhão com os seus sofrimentos, conformando-me com Ele na morte, para ver se atinjo a ressurreição de entre os mortos» Fil 3.8-11.

Paulo acolheu, no interior e no contexto da sua própria história, o Mistério de Cristo Ressuscitado e, por isso, diz: « Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim. E a vida que agora tenho na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus que me amou e a si mesmo se entregou por mim» Gal 2.20.

Da profunda certeza de que Jesus o ama e deu a vida por ele, brota incessante a torrente da alegria que Paulo quer, continuamente, fazer chegar ao âmago das comunidades cristãs: « Alegrai-vos sempre no Senhor - έν Кυρίω
De novo o digo: Alegrai-vos!» Fil 4.4

domingo, 21 de março de 2010

Os Actos e as Cartas

Há informações sobre a vida de Paulo que só aparecem em Actos e que as cartas parecem desconhecer, e vice-versa.

Material específico das cartas:

 Pertence à tribo de Benjamim (Fil 1,5; Rm 11,1)
 Foi fariseu (Fil 3,5)
 Paulo viu Cristo e é o último testemunho da ressurreição ( Act 26, 15-18)
 Prega na Arábia pouco depois da sua conversão (Gál 1,17)
 Sobe a Jerusalém só três anos depois de se ter tornado discípulo de Jesus, até lá não era conhecido nas igrejas da Judeia (Gal 1,18-24)
 Catorze anos depois sobe de novo a Jerusalém e reencontra os apóstolos Pedro, Tiago e João (Gal 2,1-10)
 Paulo estreita os laços com a comunidade de Jerusalém e organiza uma colecta. (2 Cor 8-9)
 Manifestação da vontade de chegar à Espanha. (Rm 15,15)

Material específico dos Actos

 Nasceu em Tarso. (Act 21,30; 22,3; Act 21,39)
 De nascimento é cidadão Romano. (Act 22,25-29)
 O seu nome judeu é Saul. (Act 7,58; 13,9)
 Estuda com Gamaliel em Jerusalém. (Act 22,3)
 Foi perseguidor em Jerusalém e viu Estêvão a morrer. (Act 7,58)
 foi baptizado por Ananias em Damasco. (Act 9,17)
 De Damasco vem directamente para Jerusalém e de lá parte para Tarso. (Act 9,26-30)
 Barnabé vem buscar Paulo e leva a Antio. (Act 11,25)
 Profeta e doutor da Igreja de Antioquia. (Act 13,1)
 Primeira viagem. (Act 13,1 – 14-28)
 Participa na assembleia de Jerusalém entre a 1ª e a 2ª viagem missionária. (Act 15,1-35)
 Segunda Viagem tem base em corinto. (Act 15,36-18,22)
 Terceira Viagem tem base em Éfeso. (Act 18,23 – 21,16)
 Prisão, processo e viagem de Paulo para Roma. (Act 21,17-28,31)

sexta-feira, 19 de março de 2010

Dúvida....

São Paulo é mesmo o escritor da carta aos Romanos?????


«21Saúda-vos o meu colaborador Timóteo, assim como os meus concidadãos Lúcio, Jasão e Sosípatro. 22Saúdo-vos eu, Tércio, que escrevi esta carta, no Senhor. 23Saúda-vos Gaio, que me recebe como hóspede, assim como a toda a igreja. Saúda-vos Erasto, o tesoureiro da cidade, e o irmão Quarto. 24A graça do Senhor nosso Jesus Cristo esteja com todos vós! Ámen. (Rm 16,21-24)



O autor identifica-se como Tércio

Citação V


«Não apagueis o Espírito»
I Tessalonicenses 5,19

Coroa de Louro



Coríntio: Cidade do Desporto 



Os historiadores afirmam que a cidade de Corinto era um centro de atletismo onde acorriam os melhores atletas do mundo.

Aproveitando a realidade e vivência dos habitantes de Coríntio, Paulo escreveu:
"Não sabeis que os que correm no estádio correm todos, mas só um ganha o prémio? Correi, pois, assim, para o alcançardes. Os atletas impõem a si mesmos toda a espécie de privações: eles, para ganhar uma coroa corruptível; nós, porém, para ganhar uma coroa incorruptível." (1 Cor 9, 24-25)

Paulo referia-se a COROA DE LOURO, que os atletas vencedores eram condecorados.
Paulo recorre ao exemplo das competições desportivas, bem conhecidas dos coríntios: de dois em dois anos, na Primavera, realizavam-se ali os Jogos Ístmicos, de que faziam parte o atletismo e o pugilismo, aqui mencionados.

Estrutura da 1ª Carta aos Coríntios

Estrutura da primeira Carta aos Coríntios

A divisão e estrutura da primeira carta aos Coríntios é objecto de um consenso substancial entre os comentadores, embora subsistam algumas divergências. Este esquema que apresentamos é o mais frequentemente.
Introdução 1, 1-9
1, 1-3 Saudação
1, 4-9 Acção de Graças
I 1, 10 – 4, 21 Divisões comunitárias e Sabedoria da Cruz
1, 10-17 Grupos na comunidade
1, 18 – 3, 4 Sabedoria da Cruz
3, 5 – 4, 21 Os apóstolos e a edificação da comunidade

II 5, 1 – 6, 20 Desordens morais
5, 1-3 O incesto
6, 1-11 Processos em tribunal
6, 12-20 Prostituição
III 7, 1 – 11, 1 Resposta às questões apresentadas
7, 1-40 Matrimónio e celibato
8, 1 – 11, 1 Carnes sacrificadas
IV 11, 2 – 14, 40 Normas para as assembleias litúrgicas
11, 2-16 O lugar da mulher
11, 17-34 A celebração da Eucaristia
12, 1 – 14, 40 Os dons do Espírito Santo
V 15 A Ressurreição
VI 16, 1-18 Assuntos vários
Conclusão 16, 19-24


*WALTER, E., A Primeira Epístola aos Coríntios, Petropólis, Vozes, 1973.

Paulo em Corinto

Paulo em Corinto e a formação da comunidade

A cidade de Corinto é o ponto mais alto da segunda viagem apostólica de Paulo. Se olharmos bem para as suas viagens elas constituem uma referência central na vida de Paulo, como um homem inquieto e com o desejo de ir mais além, levando consigo uma mensagem, que muitas vezes não é bem sucedida. Vejamos que Paulo logo no inicio de uma das viagens tem de sair precipitadamente de Tessalónica e depois de uma curta paragem em Bereia, de onde tem de partir, de novo à pressa, deixando Timóteo e Silvano (Silas), devido a uma nova conjura dos Judeus (Act 17, 5-10). Paulo demora-se algum tempo sozinho em Atenas, onde, no areópago, pronuncia um discurso que não tem grande êxito (Act 17, 16-34).
Após uma má recessão pela parte dos ouvintes Paulo decide então ir para Corinto. Aí ficou a habitar com um casal de Judeus, Áquila e Priscila, fabricantes de tendas, ajudando-os no trabalho uma vez que praticava o mesmo ofício. Este casal tinha acabado de chegar de Roma, de onde tinham sido expulsos pelo édito de Cláudio (Act 18, 1-4). Com a chegada de Timóteo e Silvano da Macedónia, Paulo dedica-se mais intensamente à pregação na sinagoga. Contudo, perante a recusa e blasfémias dos Judeus, Paulo sacode contra eles as sandálias afirmando: “o vosso sangue caia sobre as vossas cabeças; eu estou inocente. A partir de agora, vou dirigir-me aos pagãos” (Act 18, 6). Perante tal situação Paulo não desanima, nem fica sozinho, pois um GRANDE número de Judeus aderiu à mensagem de Paulo, entre os quais Crispo, o chefe da sinagoga (Act 18, 8). Cheio de entusiasmo Paulo, parte dali e vai residir em casa de um prosélito, Tito Justo, de onde se dedica, com sucesso, durante um ano e meio, à pregação entre os pagãos.
Face a mensagem de Paulo, dá-se um violento ataque por parte dos Judeus, que o levam diante do procônsul Galeão, irmão mais velho de Séneca. Porém, este recusa intervir na questão, por considerá-la um assunto religioso próprio dos Judeus. Passado algum tempo, Paulo despede-se dos irmãos, dirige-se ao porto de Cêncreas, onde embarca em direcção à costa da Palestina, juntamente com Áquila e Priscila, depois de ter cortado o cabelo, em força de um voto que tinha feito (Act 18, 18).
Quando Paulo parte de Corinto, deixa formada uma comunidade muito numerosa e diversificada, sobretudo por cristãos provenientes do paganismo e pertencentes aos estratos sociais mais humildes. Ainda assim a comunidade contava também com um bom número de Judeus. Contudo com os vícios adquiridos do paganismo, numa comunidade diversa nos seus membros faz com que Paulo escreva cartas de forma a intervir com a Corinto.
Estas cartas aos Coríntios são de facto um passo importante na difusão do cristianismo, pois a comunidade de Corinto parece ter sido a maior, constituída numa grande cidade de mentalidade helenista, durante a época apostólica. É no seio desta comunidade que se dá o grande encontro entre a mensagem evangélica e a sabedoria, a piedade e as sociedades típicas do mundo helenista romano.

CORÍNTIO em Video

Vídeos da bela cidade de coríntio





A grande obra de engenharia








Ruínas


Reconstrução de Coríntio



Lugares Biblicos

quinta-feira, 18 de março de 2010





Alguma informação sobre a cidade de Corinto...





ASCENSÃO: A cidade de Corinto




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“(…) nem todos podem ir a Corinto”. (PÍNDARO apud SALLES, 1982, p. 35)


O brilho da cidade de Corinto resplandeceu por toda Heláde com sua opulência desde o seu surgimento, continuando a encantar após a destruição e reconstrução dirigida pelos Romanos, pela figura do imperador Augusto. Situada na parte central da Grécia, devendo sua grandeza ao Istmo com o mesmo nome, constituído por uma porção de terra que ligava a parte norte da Grécia com o Peloponeso, as fronteiras da cidade limitavam-se com a Acaia, a Arcádia e a Argólida e o Istmo de Corinto. A pólis possuía dois portos, um voltado para o mar Jônico com acesso pelo golfo de Corinto e outro voltado para o mar Mirtóico com acesso pelo golfo Sarónico, como pode ser observado no mapa.

O Golfo de Corinto garantia a cidade acesso direto ao mar e o Istmo se estendia no sentido sudoeste-nordeste. Sicíon e Ístmia foram outras cidades importantes na Antigüidade e em Peracora, perto de Ístmia havia um importante santuário dedicado a Hera. A Megárida é uma pequena região que abrange a parte leste do istmo e uma pequena planície situada à oeste da Ática. O relevo da parte oeste é montanhoso e compreende principalmente o Monte Geranéia; a parte leste é constituída por uma fértil planície, a Planície Branca, que se estende para leste e para nordeste até o Monte Cerata, no limite com a Ática. A costa dos golfos de Corinto, ao norte, e Sarônico, ao sul, tem bons portos. Das comunidades antigas as mais importantes foram à cidade de Mégara; os portos Pegai e Niséia; Egóstena; Salamina, ilha do Golfo Sarônico.[1]

Os portos (empória) foram de fundamental importância para o comércio, contudo as rotas terrestres caracterizavam a principal diferença entre outros centros comerciais e Corinto. O Istmo possuía ramificações de vias terrestres que ligavam a Ática ao Peloponeso como descrito por Alexandre Lima[2]:
“Para lá convergiam muitas vias e estradas continentais, por exemplo, vindo do norte, havia a via de Pagai que passa à oeste dos Montes Geráneias e aborda o Ínstimo em Loutraki, no sentido nordeste do Golfo de Corinto. Uma outra partia de Mégara, atravessava os Montes Geráneias e encontrava-se com a precedente. E, enfim, aquela das Rochas Scironionnes (kakiskala) que de Mégara aborda o Ístmo em Kalamaki – no porto onde, atualmente, o canal desemboca no Golfo Sarônico”. (LIMA. 2001, p. 8).

Sua situação geográfica foi o principal motivo do seu desenvolvimento atípico, se comparado a seus vizinhos Peloponesos ou Áticos. Corinto se desenvolveu como uma cidade comercial, contundo a produção agrária continuou sendo desenvolvida como atividade principal seguindo os princípios da sacralidade da terra.

“Há três coisas que desde os tempos mais antigos se encontram conexas e firmemente estabelecidas nas sociedades gregas e italianas: a religião doméstica, a família e o direito a propriedade; três coisas que mostram manifesta relação entre si em sua origem e que parece ter sido inseparáveis”. (COULANGES, 2004 p. 66).


Os portos atraiam navegantes e o Istmo foi por muito tempo o único caminho de comunicação das rotas comerciais terrestres entre a parte norte da Grécia e o Peloponeso, sendo assim a cidade prosperou e se tornou rica e opulenta, como descreve Heródoto ou como Pausânias pôde perceber, mesmo depois de sua destruição (146 a. C) e sua reconstrução já sob o domínio romano.

O centro urbano (ásty) possuía uma muralha de proteção que cobria parte do perímetro do Istmo, muralha que era bastante comum no século VI e V a.C devido ao fato das constantes guerras que ocorriam no mundo mediterrânico.

O ponto principal da cidade era a chamada Acrocorinto [3], parte alta da cidade onde se localizava a agora. Pausânias descreve a Acrocorinto da seguinte forma:
“Em parte mais alta do acrocorinto existe um templo de Afrodite; uma imagem da deusa armada, de Helio e Eros com um arco. A fonte que esta atrás do templo dizem que é um presente de Asopo feiro a Sísifo”. (Pausânias, II, 30).

Seria difícil compreender o mundo grego sem estudar Corinto, elemento territorial de ligação entre a Ática e o Peloponeso. A cidade esteve à frente de seu tempo quando se envolveu em atividades comerciais, tarefa não apreciada para um período em que apenas a posse da terra é sagrada e digno de um Kaloi-kagathoi segundo os valores aristocráticos.

[1] Segundo descrição da revista eletrônica Grécia disponível em: http: //greciantiga.org/cie/geo07.asp .

[2] LIMA, Alexandre Carneiro Cerqueira. Cultura popular em Corinto: Kômoi nos VII – VI a.C. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro – Programa de Pós-Graduação em História Social, 2001.

[3] Nome dado à acrópole de Corinto sendo que acro significa alto ou parte alta enquanto polis se refere a cidade sendo assim Acrocorinto é a parte alta de Corinto, principal ponto do centro urbano.




NOSTALGIA DO PASSADO EM SOPHIA: O FASCÍNIO DA GRÉCIA

Aconselho a leitura deste artigo e a visualização das imagens sobre Coríntio:



Artigo
http://z3950.crb.ucp.pt/biblioteca/Mathesis/Mat15/Mathesis15_197.pdf




Imagens de Corínteo
http://www.abiblia.org/fotosView.asp?id=10





São Paulo: missionário e fabricante de tendas , segundo
Jerome Murphy-O'Connor in Paulo - Um homem inuieto, um apóstolo insuperável

Cristofânias a Paulo em Actos

Cristofânias a Paulo


Actos 9, 1-25 / 22,1-21 / 26,1-23


Actos 9, 1-25

1 Saulo entretanto, respirando sempre ameaças de morte contra os discípulos do Senhor, foi ter com o Sumo Sacerdote

2 e pediu-lhe cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de que, se encontrasse homens e mulheres que fossem desta Via, os trouxesse algemados para Jerusalém.

3 Estava a caminho e já próximo de Damasco, quando se viu subitamente envolvido por uma intensa luz vinda do Céu.

4 Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: "Saulo, Saulo, por que me persegues?"

5 Ele perguntou: "Quem és tu, Senhor?" Respondeu: "Eu sou Jesus, a quem tu persegues!

6 Ergue-te, entra na cidade, e dir-te-ão o que tens a fazer."

7 Os seus companheiros de viagem tinham-se detido, emudecidos, ouvindo a voz, mas sem verem ninguém.

8 Saulo ergueu-se do chão, mas, embora tivesse os olhos abertos, não via nada. Foi necessário levá-lo pela mão e, assim, entrou em Damasco,

9 onde passou três dias sem ver, sem comer nem beber.

10 Havia em Damasco um discípulo chamado Ananias. O Senhor disse-lhe numa visão: "Ananias!" Respondeu: "Aqui, estou Senhor."

11 O Senhor prosseguiu: "Levanta-te, vai à casa de Judas, na rua Direita, e pergunta por um homem chamado Saulo de Tarso, que está a orar neste momento.”

12 Saulo, entretanto, viu numa visão um homem, de nome Ananias, entrar e impor-lhe as mãos para recobrar a vista.

13 Ananias respondeu: "Senhor, tenho ouvido muita gente falar desse homem e a contar todo o mal que ele tem feito aos teus santos, em Jerusalém.

14 E agora está aqui com plenos poderes dos sumos sacerdotes, para prender todos quantos invocam o teu nome."

15 Mas o Senhor disse-lhe: "Vai, pois esse homem é instrumento da minha escolha, para levar o meu nome perante os pagãos, os reis e os filhos de Israel.

16 Eu mesmo lhe hei-de mostrar quanto ele tem de sofrer pelo meu nome."

17 Então, Ananias partiu, entrou na dita casa, impôs as mãos sobre ele e disse: " Saulo, meu irmão, foi o Senhor que me enviou, esse Jesus que te apareceu no caminho em que vinhas, para recobrares a vista e ficares cheio do Espírito Santo."

18 Nesse instante, caíram-lhe dos olhos uma espécie de escamas e recuperou a vista. Depois, levantou-se e recebeu o baptismo.

19 Depois de se ter alimentado, voltaram-lhe as forças e passou alguns dias com os discípulos, em Damasco.

20 Começou, então, imediatamente, a proclamar nas sinagogas que Jesus era o Filho de Deus.

21 Os que o ouviam ficavam estupefactos e diziam: "Não era ele que, em Jerusalém, perseguia aqueles que invocavam o nome de Jesus? Não tinha ele vindo aqui expressamente para os levar, presos, aos sumos sacerdotes?"

22 Mas Saulo fortalecia-se cada vez mais e confundia os judeus de Damasco,

demonstrando-lhes que Jesus era o Messias.

23 Passado muito tempo, os judeus combinaram matá-lo,

24 mas Saulo foi avisado das suas intenções. Até as portas da cidade eram guardadas, noite e dia, com o fim de o matarem.

25 Então os discípulos, tomando-o de noite, fizeram-no descer pela muralha abaixo, dentro de um cesto.

Actos 22, 1-21

1 "Irmãos e pais, ouvi agora o que tenho a dizer-vos em minha defesa."

2 Como o ouvissem dirigir-lhes a palavra em língua hebraica, maior silêncio fizeram. Ele prosseguiu:

3 " Sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, mas fui educado nesta cidade, instruído aos pés de Gamaliel, em todo o rigor da Lei dos nossos pais e cheio de zelo pelas coisas de Deus, como todos vós sois agora.

4 Persegui de morte esta “Via”, algemando e entregando à prisão homens e mulheres,

5 como o podem testemunhar o Sumo Sacerdote e todos os anciãos. Recebi até, da parte deles, cartas para os irmãos de Damasco, onde ia para prender os que lá se encontrassem e trazê-los agrilhoados a Jerusalém, a fim de serem castigados.

6 Ia a caminho, e já próximo de Damasco, quando, por volta do meio-dia, uma intensa luz, vinda do Céu, me rodeou com a sua claridade.

7 Caí por terra e ouvi uma voz que me dizia: "Saulo, Saulo, por que me persegues?"

8 Respondi: "Quem és Tu, Senhor?" Ele disse-me, então: "Eu sou Jesus de Nazaré, a quem tu persegues."

9 Os meus companheiros viram a luz, mas não ouviram a voz de quem me falava.

10 E prossegui: " Que hei-de fazer, Senhor?” O Senhor respondeu-me: "Ergue-te, vai a Damasco, e lá te dirão o que se determinou que fizesses."

11 Mas, como eu não via, devido ao brilho daquela luz, fui levado pela mão dos meus companheiros e cheguei a Damasco.

12 Ora um certo Ananias, homem piedoso, e cumpridor da Lei, muito respeitado por todos os judeus da cidade,

13 foi procurar-me e disse: " Saulo, meu irmão, recupera a vista." E, no mesmo instante, comecei a vê-lo.

14 Ele prosseguiu: "O Deus dos nossos pais predestinou-te para conheceres a sua vontade, para veres o seu Justo e para ouvires as palavras da sua boca,

15 porque serás testemunha diante de todos os homens, acerca do que viste e ouviste.

16 E agora, por que esperas? Levanta-te, recebe o baptismo e purifica-te dos teus pecados, invocando o seu nome.

17 De regresso a Jerusalém, enquanto orava no templo, caí em êxtase.

18 Vi o Senhor e Ele disse-me: "Apressa-te e sai rapidamente de Jerusalém, porque não receberão o teu testemunho a meu respeito."

19 Eu respondi: "Senhor, eles sabem que eu andava pelas sinagogas a meter na prisão e a açoitar os que acreditavam em ti.

20 E, quando foi derramado o sangue de Estêvão, tua testemunha, também eu estava presente, de acordo com eles, e tinha à minha guarda as capas dos que lhe davam a morte."

21 Ele, então, disse-me: "Vai, que te vou enviar lá ao longe, aos pagãos.”

Actos 26, 1-23

1 Agripa disse a Paulo: "Estás autorizado a falar em tua defesa." Então, estendendo a mão, Paulo começou a sua defesa:

2 "Sinto-me feliz, ó rei Agripa, por ter de me defender hoje diante de ti, das acusações apresentadas pelos judeus contra mim,

3 tanto mais que estás ao corrente de todos os costumes e controvérsias dos judeus. Rogo-te, por isso, que me oiças com paciência.

4 A minha vida, a partir da mocidade, tal como decorreu desde os primeiros tempos, no meu povo e em Jerusalém, conhecem-na todos os judeus.

5 Eles conhecem-me de longa data e, se quiserem, podem atestar o que eu vivi, como fariseu, segundo o partido mais severo da nossa religião.

6 E, agora, encontro-me aqui a ser julgado por causa da minha esperança na promessa feita por Deus a nossos pais,

7 promessa que as nossas doze tribos esperam ver realizada, servindo a Deus, noite e dia, continuamente. É a respeito dessa esperança, ó rei, que os judeus me acusam.

8 Por que é que, entre vós, se afigura incrível que Deus ressuscite os mortos ?

9 Quanto a mim, julguei dever levantar grande oposição ao nome de Jesus de Nazaré.

10 E foi precisamente o que fiz em Jerusalém: com o pleno assentimento dos sumos sacerdotes, meti na prisão grande número de santos e, quando eram mortos, eu dava o meu assentimento.

11 Muitas vezes ia de sinagoga em sinagoga e obrigava-os a blasfemar à força de torturas. Num excesso de fúria contra eles, perseguia-os até nas cidades estrangeiras.

12 Foi assim que, indo para Damasco, com poder e delegação dos sumos sacerdotes,

13 vi no caminho, ó rei, uma luz vinda do céu, mais brilhante do que o Sol, que refulgia em volta de mim e dos que me acompanhavam.

14 Caímos todos por terra e eu ouvi uma voz dizer-me em língua hebraica: "Saulo, Saulo, por que me persegues? É duro para ti recalcitrar contra o aguilhão."

15 Perguntei: "Quem és tu, Senhor?" E O Senhor respondeu: "Eu sou Jesus, a quem tu persegues.

16 Ergue-te e firma-te nos pés, pois para isto te apareci: para te constituir servo e testemunha do que acabas de ver e do que ainda te hei-de mostrar.

17 Livrar-te-ei do povo e dos pagãos, judeus, aos quais vou enviar-te,

18 para lhes abrires os olhos e fazê-los passar das trevas à luz, e da sujeição de Satanás para Deus. Alcançarão, assim, o perdão dos seus pecados e a parte que lhes cabe na herança, juntamente com os santificados pela fé em mim”

19 Desde então, ó rei Agripa, não resisti à visão celeste.

20 Pelo contrário, aos habitantes de Damasco, em primeiro lugar, depois aos de Jerusalém e de toda a província da Judeia, em seguida, aos pagãos, preguei que se arrependessem e voltassem para Deus, fazendo obras dignas de tal arrependimento.

21 Eis o motivo por que os judeus se apoderaram de mim no templo, e tentaram matar-me.

22 Amparado pela protecção de Deus, continuei a dar o meu testemunho, diante de pequenos e grandes, sem nada dizer além do que os Profetas e Moisés predisseram que havia de acontecer:

23 que o Messias tinha de sofrer e que, sendo o primeiro a ressuscitar de entre os mortos, anunciaria a luz ao povo e aos pagãos."

Diferenças entre os 3 textos

Actos 9, 1-25

Actos 22, 1-21

Actos 26, 1-23

O narrador emprega o discurso indirecto excepto no diálogo entre Jesus e Saulo

O narrador só se manifesta no vers. 2, no qual refere que Paulo fala em hebraico

O narrador também está oculto excepto no vers. 1

Subitamente envolvido por intensa luz vinda do Céu

Por volta do meio-dia, intensa luz vinda do Céu e que o rodeou com a sua claridade

Luz vinda do Céu mais brilhante que o sol

Caí por terra

Caí por terra

Caímos todos por terra

Os companheiros ouviram a voz mas não viram ninguém – supostamente a luz

Os companheiros viram a luz mas não ouviram a voz

A luz refulgia em volta de todos. A voz ouvida por Saulo era em Língua hebraica

Refere o tempo – 3 dias em que esteve sem ver e sem se alimentar

Refere a cegueira mas não indica tempo

Não refere a cegueira

“Saulo, Saulo, por que me persegues?”

“Saulo, Saulo, por que me persegues?”

“Saulo, Saulo, por que me persegues?”

“É duro para ti recalcitrar contra o aguilhão”

À pergunta de Saulo: Quem és tu, Senhor ?

“Eu sou Jesus a quem tu persegues”

“Eu sou Jesus de Nazaré a quem tu persegues”

Jz 13, 5 “nazir de Deus”

Os discípulos eram considerados a Seita dos Nazarenos

“Eu sou Jesus a quem tu persegues”

“Que hei-de fazer, Senhor ?”

Ananias é discípulo

Ananias manifesta a Jesus receio de Saulo

Ananias, homem piedoso, judeu respeitado

O receio em relação a Saulo vem dos judeus

Não refere Ananias

O receio em relação a Saulo vem dos judeus

Jesus diz a Ananias qual é a missão de Paulo mas este não o revela a Paulo

Ananias diz a Paulo o que Deus quer dele

O próprio Jesus diz a Paulo qual vai ser a sua missão

Paulo recebe o Baptismo

Paulo recebe o Baptismo

Não refere a recepção do Baptismo

Não diz quem avisou Paulo de que os Judeus o queriam matar

Paulo tem uma 2ª visão em Jerusalém.

O próprio Senhor diz a Paulo que saia de Jerusalém porque os Judeus não aceitam o seu testemunho

Os Judeus apoderam-se de Paulo e tentam matá-lo

Descrição de como Paulo saiu de Damasco

Paulo inscreve-se no anúncio proclamado no AT por Moisés e os profetas