Kierkegaard, na sua parábola do palhaço e da aldeia em chamas, conta a história de um palhaço que, estando prestes a entrar em cena, portanto, maquilhado e vestido de palhaço, nota que o circo está a arder e é enviado à aldeia a avisar as pessoas e a pedir auxílio. Claro que ninguém acredita nele, todos se riem. Quanto mais ele faz para convencer as pessoas de que não está a representar, mais as pessoas acham graça e se convencem de que é um belíssimo número com o objectivo de levar muita gente às sessões do circo. Por fim, o fogo chega também à aldeia e destrói-a, como tinha destruído o circo.
A situação deste palhaço é comparável à situação dos cristãos – hoje e desde sempre, como o atesta o exemplo de S. Paulo –, que não conseguem transmitir a mensagem por causa da roupagem desadequada que usam. Esta visão, tendo provavelmente um fundo de verdade, pressupõe que o fulcro do problema do anúncio cristão é uma questão de roupagem. Mudando a roupagem, a mensagem seria acolhida sem problemas. Porém, numa observação mais atenta, é possível notar que talvez o problema maior do anúncio cristão radique precisamente no conteúdo da mensagem: Cristo crucificado.
domingo, 28 de março de 2010
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