sexta-feira, 19 de março de 2010

Paulo em Corinto

Paulo em Corinto e a formação da comunidade

A cidade de Corinto é o ponto mais alto da segunda viagem apostólica de Paulo. Se olharmos bem para as suas viagens elas constituem uma referência central na vida de Paulo, como um homem inquieto e com o desejo de ir mais além, levando consigo uma mensagem, que muitas vezes não é bem sucedida. Vejamos que Paulo logo no inicio de uma das viagens tem de sair precipitadamente de Tessalónica e depois de uma curta paragem em Bereia, de onde tem de partir, de novo à pressa, deixando Timóteo e Silvano (Silas), devido a uma nova conjura dos Judeus (Act 17, 5-10). Paulo demora-se algum tempo sozinho em Atenas, onde, no areópago, pronuncia um discurso que não tem grande êxito (Act 17, 16-34).
Após uma má recessão pela parte dos ouvintes Paulo decide então ir para Corinto. Aí ficou a habitar com um casal de Judeus, Áquila e Priscila, fabricantes de tendas, ajudando-os no trabalho uma vez que praticava o mesmo ofício. Este casal tinha acabado de chegar de Roma, de onde tinham sido expulsos pelo édito de Cláudio (Act 18, 1-4). Com a chegada de Timóteo e Silvano da Macedónia, Paulo dedica-se mais intensamente à pregação na sinagoga. Contudo, perante a recusa e blasfémias dos Judeus, Paulo sacode contra eles as sandálias afirmando: “o vosso sangue caia sobre as vossas cabeças; eu estou inocente. A partir de agora, vou dirigir-me aos pagãos” (Act 18, 6). Perante tal situação Paulo não desanima, nem fica sozinho, pois um GRANDE número de Judeus aderiu à mensagem de Paulo, entre os quais Crispo, o chefe da sinagoga (Act 18, 8). Cheio de entusiasmo Paulo, parte dali e vai residir em casa de um prosélito, Tito Justo, de onde se dedica, com sucesso, durante um ano e meio, à pregação entre os pagãos.
Face a mensagem de Paulo, dá-se um violento ataque por parte dos Judeus, que o levam diante do procônsul Galeão, irmão mais velho de Séneca. Porém, este recusa intervir na questão, por considerá-la um assunto religioso próprio dos Judeus. Passado algum tempo, Paulo despede-se dos irmãos, dirige-se ao porto de Cêncreas, onde embarca em direcção à costa da Palestina, juntamente com Áquila e Priscila, depois de ter cortado o cabelo, em força de um voto que tinha feito (Act 18, 18).
Quando Paulo parte de Corinto, deixa formada uma comunidade muito numerosa e diversificada, sobretudo por cristãos provenientes do paganismo e pertencentes aos estratos sociais mais humildes. Ainda assim a comunidade contava também com um bom número de Judeus. Contudo com os vícios adquiridos do paganismo, numa comunidade diversa nos seus membros faz com que Paulo escreva cartas de forma a intervir com a Corinto.
Estas cartas aos Coríntios são de facto um passo importante na difusão do cristianismo, pois a comunidade de Corinto parece ter sido a maior, constituída numa grande cidade de mentalidade helenista, durante a época apostólica. É no seio desta comunidade que se dá o grande encontro entre a mensagem evangélica e a sabedoria, a piedade e as sociedades típicas do mundo helenista romano.

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