sexta-feira, 28 de maio de 2010

NA PELE DE PAULO - Rm 9.1 - 11.36

Parece que não existem palavras que possam exprimir o que Paulo diz aqui.

Busco incessante essas palavras… preciso de encontrar essas palavras… Palavras poderosas, arrasadoras… Mas, quem sou eu para ousar querer dizer o indizível?

Experimento em mim um misto de assombro e de emoção… desejo dar alguma consolação a este homem… a este homem a quem devo a dádiva e a graça de ser cristã…

Experimento com ele, a profunda humildade de implorar: acreditem em mim… “É verdade o que vou dizer em Cristo; não minto, pois é na minha consciência que, pelo Espírito Santo, disto me dá testemunho.”

Mergulho com ele, no mar de imensa tristeza e de “dor contínua no meu coração.”

Com ele experimento o arrepio de morte de ser “separado de Cristo, pelo bem dos meus irmãos, os da minha raça, segundo a carne. Eles são os israelitas…”

Com ele deixo-me invadir pela dúvida: Será que Deus falhou ?
A dúvida é já, por si, inquietante, mas esta excede tudo… é capaz de, irremediavelmente, danificar a mente mais saudável.

Com ele reconheço que “nem todos os que descendem de Israel são Israel, como nem todos, por serem descendentes de Abraão, são seus filhos.”

Com ele sei “para que se mantenha claro que o desígnio de Deus é de sua livre escolha e está dependente, não das obras, mas de Deus que chama…”

Saboreio com ele a misericórdia de Deus “que não depende daquele que quer nem daquele que se esforça por alcançá-la, mas de Deus que é misericordioso.” E alegro-me por Deus “manifestar a riqueza da sua glória para com os vasos da misericórdia que de antemão tinha preparado para a glória (…). A estes, que somos nós, chamou-nos não só de entre os judeus, mas também de entre os gentios.”

Experimento com ele o incrível paradoxo: “ os gentios, que não procuram a justiça, a alcançaram, mas claro, a justiça que vem pela fé; Israel, ao contrário, que procura uma lei que podia levar à justiça, não atingiu essa lei. Por que razão ? Porque não foi pela fé, mas pelas obras, que a procuraram obter.”
Tropeçaram na pedra de tropeço, conforme está escrito: ‘Reparai que ponho em Sião uma pedra de tropeço, uma rocha de escândalo, e só quem nela acreditar não ficará frustrado.’ Is 28.16.

Associo-me ao desejo do seu coração para com ele implorar a Deus “que eles se salvem” e com ele digo que posso “testemunhar em seu abono que eles têm zelo de Deus. Só que o não têm devidamente esclarecido (…) por não terem reconhecido a justiça que vem de Deus, e terem procurado estabelecer a sua própria justiça, não se submeteram à justiça de Deus.”

Exulto com ele por saber “que o fim da Lei é Cristo, para que, deste modo, a justiça seja concedida a todo o que tem fé.” O Evangelho exige de nós a fé em Cristo.

Pela fé, vibro com Paulo poder dizer Creio que “ Jesus é o Senhor, que Deus o ressuscitou de entre os mortos” e que, por essa ressurreição, somos salvos.

Participo da fractura que ele provocou ao dizer que “não há diferença entre judeu e grego, pois todos têm o mesmo Senhor, rico para com todos os que o invocam.”

Com ele paraliso de perplexidade pela falta de fé de Israel.
…não acreditaram ? …não ouviram falar d’Ele ? “ a fé surge pela palavra de Cristo. Mas pergunto eu, será que não a ouviram ? … será que Israel não entendeu ?”

Revivo com ele a mesma dúvida: “terá Deus rejeitado o seu povo ? … Deus não rejeitou o seu povo, que de antemão escolheu.”

Com ele participo da mesma consciência de ser pertença de um “resto, cuja eleição se deve à graça de Deus. Mas se o é pela graça, deixa de ser pelas obras; caso contrário a graça deixaria de ser graça.”

Com ele, revisto-me de sentimentos de misericórdia e de compaixão deixando-me tomar pela antítese e contradição: “… foi devido à sua queda que a salvação chegou aos gentios e isso aconteceu para que Israel sentisse ciúmes deles. Ora se a sua queda reverteu em riqueza para o mundo e a sua perda em riqueza para os gentios, quanto mais não será na plenitude da sua conversão. (…) a sua rejeição serviu para a reconciliação do mundo, que irá ser a sua admissão senão uma passagem da morte à vida ? (…) Mas, se alguns ramos foram cortados, enquanto tu, que eras de oliveira brava, fostes enxertado entre os outros, para com eles ficares a participar da raiz donde vem a seiva da oliveira, não te faças arrogante perante aqueles ramos (…) lembra-te que não és tu quem sustenta a raiz, mas a raiz é que te sustenta a ti.”
Cortados, sim, por falta da fé “mas tu, é pela fé que estás seguro. Não sejas soberbo, mas toma cuidado.”

Com ele partilho a mesma esperança de que todo o Israel será salvo. “… deu-se o endurecimento de uma parte de Israel, até que a totalidade dos gentios tenha entrado. E é assim que todo o Israel será salvo, de acordo com o que está escrito:
‘ virá de Sião o libertador, que afastará as impiedades do meio de Jacob. Esta é a aliança que Eu farei com eles, quando lhes tiver tirado os seus pecados’ Is 27.9; 50. 20-21.

“ No que diz respeito ao Evangelho, eles são inimigos, para proveito vosso; mas em relação à eleição, são amados, devido aos seus antepassados. É que os dons e o chamamento de deus são irrevogáveis.”

Com ele extasio-me e louvo a Glória de Deus para sempre ! …

“Oh, que profundidade de riqueza, de sabedoria e de ciência é a de Deus !
Como são insondáveis as suas decisões e impenetráveis os seus caminhos! (…)
Porque é d’Ele, por Ele e para Ele que tudo existe.

GLÓRIA A ELE PELOS SÉCULOS! AMEN.”

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