quarta-feira, 5 de maio de 2010

Paralelo entre Fl 2, 6-11 e Fl 3, 4-11

De facto, os textos de Fl 2, 6-11 e Fl 3, 4-11 podem considerar-se como construídos em paralelo.

1. Se, no hino cristológico, Jesus, sendo «de condição divina, não considerou como uma usurpação ser igual a Deus; no entanto, esvaziou-se a si mesmo, tomando a condição de servo» (2, 6-7), em Fl 3 Paulo, sendo «circuncidado ao oitavo dia, [sou] da raça de Israel, da tribo de Benjamim, um hebreu descendente de hebreus; no que toca à Lei, [fui] fariseu; no que toca ao zelo, perseguidor da Igreja; no que toca à justiça - a que se procura na lei - irrepreensível» (3, 5-6), afirma que «tudo quanto para mim era ganho, isso mesmo considerei perda por causa de Cristo» (3, 7).

2. À dimensão da morte de Fl 2 («rebaixou-se a si mesmo, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz» (v. 8)) corresponde a dimensão da perda em Fl 3 («Mas, tudo quanto para mim era ganho, isso mesmo considerei perda por causa de Cristo» (v. 7); «Sim, considero que tudo isso foi mesmo uma perda, por causa da maravilha que é o conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor: por causa dele, tudo perdi e considero esterco, a fim de ganhar a Cristo» (v. 8)). Paulo virá a afirmar ainda (ou sobretudo) a necessidade de se conformar com Jesus na morte (Cf. Fl 3, 10).

3. Em paralelo com a Ressurreição de Jesus («Por isso mesmo é que Deus o elevou acima de tudo e lhe concedeu o nome que está acima de todo o nome» (2, 9)) encontramos o desejo de Paulo de tomar parte na ressurreição («para ver se atinjo a ressurreição de entre os mortos» (3, 11)). Note-se como, em ambos os textos, a Ressurreição surge como consequência de uma acção. A de Jesus: «esvaziou-se a si mesmo, tomando a condição de servo. Tornando-se semelhante aos homens e sendo, ao manifestar-se, identificado como homem, rebaixou-se a si mesmo, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz» (2, 7-8); e a de Paulo: «tudo quanto para mim era ganho, isso mesmo considerei perda por causa de Cristo. Sim, considero que tudo isso foi mesmo uma perda, por causa da maravilha que é o conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor: por causa dele, tudo perdi e considero esterco, a fim de ganhar a Cristo e nele ser achado, não com a minha própria justiça, a que vem da Lei, mas com a que vem pela fé em Cristo, a justiça que vem de Deus e que se apoia na fé. Assim posso conhecê-lo a Ele, na força da sua ressurreição e na comunhão com os seus sofrimentos, conformando-me com Ele na morte» (3, 7-10).

Sem comentários:

Enviar um comentário