quarta-feira, 2 de junho de 2010

COLECTA - uma obsessão de PAULO

Só nos disseram que nos devíamos lembrar dos pobres – o que procurei fazer com o maior empenho.
Gl 2. 10.

Este pedido feito a Paulo pelos considerados as “colunas”, aquando da sua ida a Jerusalém por causa da questão da circuncisão dos gentios, jamais foi esquecido, tornando-se um assunto transversal nos seus escritos.

A recolha de fundos em favor da comunidade de Jerusalém, assume, para Paulo, um carácter de enorme importância e de grande significado.

A colecta tem, para Paulo, um sentido teológico, de serviço, de comunhão e de caridade.

Paulo sugere às suas igrejas, a forma prática de, progressivamente, fazerem essa recolha.

Quanto à colecta em favor dos santos, fazei vós também o que ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em sua casa, o que tiver conseguido poupar, para que, à minha chegada, não se tenha ainda de fazer a colecta quando aí chegar, enviarei, munidos de cartas, aqueles que tiverdes escolhido para levar a vossa oferta a Jerusalém. E, se convier que eu vá também, farão a viagem comigo.
1Cor 16. 1-4.

A colecta acontece por todo lado, em todas as igrejas, a favor da igreja de Jerusalém.

Queremos dar-vos a conhecer, irmãos, a graça que Deus concedeu às igrejas da Macedónia. No meio das muitas tribulações com que foram provados, a sua superabundante alegria e extrema pobreza transbordaram em tesouros de generosidade. Sou testemunha de que, segundo as suas possibilidades, e até além delas, com toda a espontaneidade e com muita insistência, pediram-nos a graça de participar neste serviço em favor dos santos. E indo além das nossas expectativas, deram-se a si mesmos, primeiro ao Senhor e depois a nós, pela vontade de Deus. Por isso, pedimos a Tito que, tal como a havia começado, levasse a bom termo, entre vós, esta obra de generosidade.
2 Cor 8. 1-6.

Paulo não se cansa de motivar a esta ‘obra de caridade’, aconselhando à participação nesta dádiva, mas sem imposição. Ele propõe, considerando que se trata da participação na bondade de Nosso senhor Jesus Cristo que, sendo rico, se fez pobre por vós, para vos enriquecer com a sua pobreza. 2 Cor 8.9.

Paulo, fazendo o elogio da generosidade, aponta para a urgência de se estabelecer a igualdade entre os irmãos. Estimula a que todos participem na colecta, em ordem a gerar o equilíbrio no viver quotidiano do todos.

Não se trata de, ao aliviar os outros, vos fazer entrar em apuros, mas sim de que haja igualdade. 2 Cor 8.13.

A colecta tem, assim, a finalidade de exprimir uma dimensão teológica (Charis), de participação e comunhão (Koinonia) no serviço (diakonia) em favor dos pobres…

Expressão do amor de Cristo. A partilha material gera a partilha espiritual.
Expressão do agradecimento espiritual das igrejas gentílicas para com Jerusalém.
Porque se os gentios participaram dos seus bens espirituais, eles devem, por sua vez, servi-los nas coisas temporais. Rm 15. 27.

Consolida a unidade da Igreja. Para Paulo, a colecta é o grande sinal da unidade eclesial.

Implica o dom e a oferta de si próprio. O cristão vive na oferta de si … Paulo substitui o ritual do sacrifício judaico, colocando a ênfase, na dimensão da dádiva pessoal.

A colecta é também provocação a Israel, em cuja conversão Paulo acredita – Conf. Rm 11. 25-32.


James Dunn, na sua obra, A Teologia do Apóstolo Paulo, pág.794 afirma:

não é por acaso que seja este o assunto com que conclui o corpo da carta aos Romanos (15, 25-32). Isso confirma a sua significação peculiar para Paulo.
Trata-se efectivamente de uma preocupação culminante e final do próprio Paulo. (…) a colecta resume em grau único a maneira como a teologia , o trabalho missionário e a preocupação pastoral de Paulo estavam coesas como um todo.

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