Paulo, hoje e sempre, também na Faculdade de Teologia

Estava a meditar a bela Carta aos Romanos quando dei comigo a pensar: «Eu já ouvi disto noutras cadeiras». E comecei a constatar que, afinal, Paulo não é só a base de Escritos Paulinos. Senão vejamos as referências paulinas noutras disciplinas, aqui apontadas de forma telegráfica:

• Revelação e Tradição: apresenta Paulo como o autor dos primeiros enunciados querigmáticos, que descrevem Jesus como o Ressuscitado; a catequese pascal de Paulo, etc;
• Grego Bíblico: primeiro contacto com o texto grego das cartas paulinas;
• História da Igreja Antiga: a acção evangelizadora de Paulo que abriu as portas do Império Romano ao Cristianismo;
• Mistério de Deus: Paulo como o primeiro a elaborar conceitos para descrever este Mistério, por ele enunciados nalgumas partes;
• Cristologia: os hinos cristológicos de Paulo como uma forma já reflexiva do mistério do Verbo Encarnado;
• Protologia: como não lembrar a célebre referência ao pecado original a partir de Rm 5, 12-21?
• Teologia Moral Pessoal: a centralidade da moral cristã consubstanciada na expressão paulina «ser em Cristo», a Lei Nova.
• Eclesiologia: entre outros, a designação paulina de Igreja, Corpo de Cristo e Igreja, Templo do Espírito são temas centrais na disciplina eclesiológica;
• Liturgia cristã: a primeira referência à instituição da Eucaristia em 1 Cor 12, 23-27;
• Soteriologia: o primado da graça como realidade antropológica defendida por Paulo;
• Escatologia: como esquecer 1 Cor 15? Paulo é o primeiro a falar quer da ressurreição de Jesus quer da ressurreição dos mortos;
• Mariologia: referência a Gal 4, 4.

Não sou apologista de que Paulo seja considerado o fundador do Cristianismo, senão teríamos que mudar o nome para Paulinismo, mas que não deixa de ser uma figura ímpar e central na sistematização cristã, disso não tenho dúvidas, como se vê pela transversalidade da sua teologia nas diferentes disciplinas teológicas leccionadas na Faculdade de Teologia da UCP.