Ser discípulo missionário, no contexto do Evangelho, é fazer-se seguidor de Jesus Cristo. São Paulo vai além dessa compreensão quando afirma: é preciso revestir-se de Jesus. Mas revestir-se de Jesus exige um seguimento, conversão, um renascer, uma mudança de mentalidades, um modo de viver que não busca a glória para si mesmo. Colocar Cristo na centralidade de vida é manter firme a raiz da identidade missionária.
Paulo, um homem de dois mundos, deixou marca indelével na tradição cristã. Foi um apaixonado pregador de Jesus Cristo, fundou muitas comunidades e escreveu cartas. Viveu e trabalhou em diferentes mundos e culturas. Um homem preparado para enfrentar qualquer desafio, depois de muitos séculos ainda desafia a passagem do tempo. Ele percorre estradas, ruas, mares, casas, mercados, praças e sinagogas, tendo sempre Deus à frente, aplainando o caminho. Propõe uma nova teoria de vida: Sair e ir evangelizar trabalhando e a trabalhar evangelizando. Essa parece ser uma opção explícita na vida do apóstolo. Sua estratégia missionária está em atingir os grandes centros. Sempre que chegava a uma grande cidade, anunciava Jesus Cristo, e quem o aceitasse recebia o baptismo. Após o baptismo, as pessoas começavam a participar da comunidade que se reunia na casa de um deles, formavam grupos de estudos e aos poucos iam sendo evangelizadas. Dessas comunidades surgiam novos missionários que partiam para fundar comunidades nas periferias e nas pequenas cidades.
O trabalho apostólico é assim representado como tarefa de servidores, de cooperadores, auxiliares e administradores dos mistérios de Deus. Um trabalho oferecido a todos para formar unidade em Cristo.
Paulo defende sua opção de evangelizar como trabalhador com os pobres e se gloria de sua fraqueza, pois é através dela que ele se fundamenta na realidade de Cristo: fraco pela cruz, mas forte por Deus. Ele diz: “Com Cristo, fiquei crucificado e já não vivo eu, mas Cristo vive em mim; e meu viver humano é agora um viver da fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gl 2,19-29). E Assim ele vai irradiando o evangelho para os grandes centros e das cidades para os arredores. Sua teologia vai se constituindo e dando forma ao seu anúncio (querígma) de que “Jesus é verdadeiramente Filho de Deus”.
Com seu trabalho missionário pode-se dizer que Paulo é o cristão que melhor viveu e anunciou Jesus em tempos e lugares diferentes. Ele dizia: de boa vontade me gastarei e me desgastarei totalmente em favor de vocês. Será que lhes dedicando mais amor, serei por causa disso menos amado?
Sua vida missionária é marcada por uma experiência espiritual tão intensa e profunda, a ponto de modificar de modo irreversível a sua vida. A certeza do seu chamado por Deus para evangelizar o mundo pagão era muito forte. Afirma: “Deus, porém, me escolheu antes de eu nascer e me chamou por sua graça. Quando ele resolveu revelar em mim o seu Filho, para que eu o anunciasse entre os pagãos, não consultei ninguém, nem subi a Jerusalém para me encontrar com aqueles que eram apóstolos antes de mim” (Gl 1,15-17).
Paulo fala de sua experiência pessoal e considera: “Por causa de Cristo, tudo o que eu considerava como lucro, considero agora como perda diante do bem superior que é o conhecimento do meu Senhor Jesus Cristo (Fl 3,7-9).
Não obstante a grande distância entre o Paulo de ontem e o Paulo de hoje, o contexto das nossas realidades, os problemas existenciais estão muito próximos. Daí ser contínuo o chamado. Todos são chamados a dar continuidade a essa dimensão missionária e profética da Igreja. O convite é para sair, fazer missionários que podem partir para formar novas comunidades. Sair de si mesmo, de sua individualidade, de seu egoísmo. Ai está o grande desafio. A realidade está a nos interpelar como cristãos, discípulos missionários do Senhor Jesus Cristo e, assim como Paulo, devemos dirigir o nosso olhar para a dimensão pastoral perscrutando o interior das nossas realidades.
Sem comentários:
Enviar um comentário